O Design Universal no dia a dia profissional



por Cristianne Abreu

 

Os profissionais de Arquitetura e Design de Interiores encontram em sua prática profissional inúmeros conteúdos que precisam ser considerados na hora de elaborar um projeto. Conhecer técnicas e legislações vigentes são fundamentais para este processo. Mas isso não é tudo. Projetamos para pessoas, e para isso, precisamos começar a entender que a diversidade humana é algo rico e de valor. As pessoas são diferentes, e isso é normal. Não existe padrão. A cultura do padrão ideal me incomoda muito, pois ela tenta igualar o que não é igual, ela tenta ignorar uma diferença que é rica e que deve ser levada em consideração. Essa falta de conscientização, educação e valorização da vida humana e de suas diferenças resulta em projetos “padrão” inadequados para os reais usuários.

O profissional que deseja se destacar neste mercado precisa entender as diferenças para desenvolver projetos que atendam da melhor maneira possível as necessidades físicas e psicológicas dos usuários. Na minha opinião, é uma questão de direitos humanos. Não é concebível mais planejar espaços que discriminem as pessoas.

Este é um mercado crescente, tendo em vista a busca, a divulgação e a conscientização das pessoas. Além disso, o envelhecimento da população mundial, o aumento da expectativa de vida e a busca pela qualidade de vida tornam essa questão mais pertinente e fundamental. Não ter conhecimento na área pode influenciar muito na qualidade do projeto, que será usado, vivenciado e também avaliado pelas pessoas.

A diversidade humana pode ser dividida em 5 perspectivas distintas, demonstradas no infográfico 01.

Infográfico 01: Diversidade humana

 

O Design Universal é um conceito que aproxima as pessoas, no sentido de entender que nossas diferenças precisam ser respeitadas e valorizadas, à medida que, “[…] propõe uma arquitetura e um design mais centrados no ser humano e na sua diversidade. Estabelece critérios para que edificações, ambientes internos, urbanos e produtos atendam a um maior número de usuários, independentemente de suas características físicas, habilidades e faixa etária, favorecendo a biodiversidade humana e proporcionando uma melhor ergonomia para todos.” (NBR 9050, 2015)

Para tanto, foram definidos sete princípios do Desenho Universal, que passaram a ser mundialmente adotados em planejamentos e obras de acessibilidade, conforme o infográfico 02.

Infográfico 02: Os sete Princípios do Design Universal

Fonte: CARDOSO (2013)

Diante disso, devemos considerar que, atender às necessidades de todas as pessoas é utopia. Nosso objetivo deve ser atender a maior quantidade de pessoas, da melhor maneira possível, afinal, todos nós somos beneficiados quando o ambiente, produto e serviço possuem desenho universal. Isto é fundamental para melhorar a qualidade de vivência, utilização, mobilidade e conforto das pessoas.

Ainda não existe uma lei que exija o Design Universal no Brasil, porém, de uns anos para cá, este assunto tem sido mais discutido, principalmente por instituições que representam as pessoas com deficiência (PCD) e por alguns profissionais da área de projeto, porém, essa discussão precisa sair do mundo acadêmico e de leis, para ser discutido pela população de forma geral.

Eu convoco os arquitetos e design de interiores a discutirem essa questão e desenvolverem projetos com um pouco mais de empatia e compaixão. Vamos dessa forma, e com o nosso conhecimento, mudar o mundo, nem que seja o mundo de alguém!!

Abraços, até a próxima.


REFERÊNCIAS:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015.

CARDOSO, E. SILVA; T. L. K.; STRACK, V. L. . Uso de infográficos no ensino de acessibilidade em design e arquitetura. In 2 CIDAG – Conferência Internacional em Design e Artes Gráficas, 2013, Tomar. Livro de actas do 2 CIDAG. Lisboa: ISEC, 2012. P. 390-393.

World Health Organization. Relatório mundial sobre a deficiência. The World Bank; tradução Lexicus Serviços Linguísticos. – São Paulo: SEDPcD, 2012.

 

Sobre Cristianne Abreu:

Cristianne Abreu – Possui mestrado em Engenharia Civil pela UFES (2009) e graduação em Arquitetura e Urbanismo pela UFES (2003). Atua no mercado desde 2003, com experiência profissional em espaços residenciais, gastronômicos, supermercados e instituições de ensino, com ênfase em Planejamento, Projetos de Arquitetura e Interiores, Psicologia Ambiental, Percepção Ambiental e Avaliação Pós Ocupação; e como professor e palestrante em cursos de graduação e pós-graduação. Integrou o quadro docente da Faculdade Nacional e da Católica de Vitória Centro Universitário. Professora de pós-graduação em arquitetura e design de interiores do Instituto de Pós-graduação – IPOG (desde 2016).

Contato: [email protected] | @crisabreu.arquitetura

 





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