Os segredos arquitetônicos do Bar dos Arcos



O empresário Facundo Guerra já foi apelidado de “o dono da noite paulistana” por sua visão estratégica e criativa ao dar vida a bares, casas noturnas e até cinema, em locais antes relegados ao esquecimento, ou mesmo subutilizados na capital paulistana. Facundo tem o dom de olhar para tais espaços urbanos e resignificá-los, apresentando novas formas de utilizá-los, atrelando-os ao lazer e à cultura.

Um de seus mais recentes investimentos focou em uma área subutilizada de um dos principais pontos culturais de São Paulo, o subsolo do Teatro Municipal. Há cerca de vinte anos, ele conheceu o Salão dos Arcos – uma espécie de respiro da plateia situado abaixo do palco. A imponência dos arcos em tijolo aparente, ornamentados por colunas e vigas distribuídas de forma semelhante a um labirinto, lhe chamaram a atenção desde aquela época.

Ao saber que a prefeitura de São Paulo estava organizando um processo licitatório para utilização do espaço anos depois, Facundo inscreveu o seu projeto, conseguindo vencer outros 72 concorrentes. Para adaptar um espaço tombado como patrimônio histórico e transformá-lo no que hoje é o Bar dos Arcos, Facundo contou com a visão estratégica de um parceiro de longa data, o arquiteto Marcos Paulo Caldeira, que traz no currículo a autoria dos night clubes Vegas, Lions e Yatch; o Cine Jóia; o Z-Carniceria e o Mirante 9 de Julho, todos iniciativa do arrojado empresário.

A adaptação de um bar em local tombado
Engane-se quem pensa que vencer mais de 70 concorrentes foi a parte mais desafiadora do processo. Trabalhar em um local que passou por um tombamento é um enorme desafio, pois são inúmeras as limitações impostas pelos Institutos que prezam pela manutenção arquitetônica de tais ambientes, para que não sejam desconfigurados.

“Toda concepção do bar foi criada tendo como parâmetro as limitações que o ambiente e seu tombamento nos impuseram. Não tínhamos autorização para colocar um prego sequer na parede. Muito menos trabalhá-las como suporte para os utensílios do bar que estávamos montando”, recorda o empresário.

A saída encontrada pelo experiente arquiteto Marcos Paulo Caldeira veio ao desenhar balcões iluminados que foram disponibilizados de forma a criar um verdadeiro labirinto de luz. Do desenho dos balcões foram surgindo os locais para se abrigar mesas e cadeiras, dispostas de forma a atender os recortes proporcionados pela presença de pilares.

“A partir da definição da unidade de arquitetura, que criou os espaços para abrigar as pessoas, mesas e cadeiras, conseguimos desenvolver todo o resto, que inclui o cardápio de drinks e de comidas”, explica Facundo.

Para se ter uma ideia, a arquitetura do local foi totalmente determinante na definição inclusive da montagem do cardápio. “Devido a pequena profundidade do balcão logo notamos que não conseguiríamos trabalhar com empratados, portanto o cardápio foi elaborado com comidas para se compartilhar. A iluminação dos balcões inspirou os mixologistas a criarem drinks com cores vibrantes, que fossem valorizados naquele tipo de iluminação”, explica Facundo.

Desafio arquitetônico
Conforme relata o arquiteto Marcos Paulo Caldeira seis meses foram utilizados para adaptar o Salão dos Arcos em um bar. Ao todo, o salão conta com 490 metros quadrados e a cozinha, 90 metros quadrados. “O local da cozinha já possuía uma infraestrutura prévia, mas a parte elétrica do salão precisou ser totalmente refeita. Tivemos o cuidado de montar uma infraestrutura aérea oculta, utilizando para isso o duto de ar-condicionado. Fomos minuciosos nas técnicas de fixação e aparafusamento, sempre utilizando rejunte de pedras e tijolos para fazer a fixação. Também fizemos algumas intervenções de água e esgoto no piso, recuperando-o da maneira original”, explica Caldeira.

O arquiteto explica que o local já possuía uma beleza peculiar, portanto, não foi necessário realizar intervenções neste sentido. “Resolvemos adotar a luz como nosso grande trunfo, portanto utilizamos o conceito de balcões iluminados para realçar a beleza do lugar, com seus tijolos aparentes e colunas. Criamos desenhos de balcões contínuos, tendo como intenção unir as pessoas e deixar demarcado o aspecto de labirinto do local”, explica Caldeira.

O resultado? Você confere nesta seleção de fotos que trazemos para você.

 

 

 





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